1.03.2011

Three (o filme)



Mais um filme vagamente poly, desta vez um filme declaradamente mainstream. Mas mesmo assim muito envergonhadito. Falo-vos de "Three", de Tom Tykwer, talvez conhecido pelo filme "O Perfume".

A história conta-se em muito menos que as duas horas do filme duram: Simon e Hanna, um casal vagamente moderno, caucasiano, assalariado, bem alimentado e burguês q.b., chega aos 20 anos de relação com as habituais renúncias, opções, não-opções e temas no seu currículo. Cada um deles, ao princípio sem que o outro saiba, envolve-se e apaixona-se por Adam. E a partir de certa altura, sem que tenham outro remédio, ficam todos a saber. Aqui está a descrição oficial em Inglês: http://www.drei.x-verleih.de/en/Info

Correndo o risco de estragar o barato a muita gente, digo vos que o filme varia um pouco dos filmes que abordam a questão poly, e não acaba num Apocalipse nuclear em que todos os não-monogamos morrem de morte macaca, mas acaba supostamente bem.

O filme vê se bem, as personagens são muito limpinhas e perfeitas, sem mácula, mas suficientemente sólidas para que o filme se salve. Sim, porque para além das personagens o filme tem pouco para oferecer. Como disse, a história conta-se em dois minutos, e é sempre bastante previsível o que se vai passar a seguir. Mesmo assim, o filme tem contornos pedagógicos de "vamos explicar a não monogamia ás crianças, com os passinhos todos, que é para ninguém perder o pé num conceito tão complicado".

Vi o filme em constelação poly e talvez por isso há pormenores que são imperdoáveis. Que aconteceria ao status quo, se cada um dos protagonistas não tivesse sido apanhado com a boca na botija? diria que continuariam alegremente a enganar-se de modo muito pouco consensual. Há o cansado sexo a definir relações. Há reencontros em que muito pouca gente luta para que eles aconteçam. Enfim. Perguntá-mo-nos se finalmente o poly e o sexo entre homens chegou oficialmente ao mainstream, em que já não choca ninguém e por isso se pode fazer um sucesso de bilheteira.

Os actores trabalham bem e como disse, o facto de as personagens terem conteúdo, salva o filme. Fait divers, o filme é também uma auto-glorificação de todos os clichés acerca de Berlim, o que torna o filme bastante penoso, pelo menos para quem vive cá e sabe de que é que a cidade é feita (e sabe que a tal glorificação é uma manifestação extrema de saloíce).

Quem quiser ver o trailer, está aqui, mas alguém se esqueceu das legendas em inglês. Provavelmente em breve num youtube perto de si...:

http://www.drei.x-verleih.de/en/Trailer

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