9.27.2010

As cascas de banana do poliamor

Falemos do que não vem nos livros de História, nem nos tratados de Antropologia ou Sociologia.

Tive um fim de semana doce e surpreendente, porque sim, conheci alguém e basicamente entrámos em reclusão voluntária, confidencias erráticas e compulsivas, além do habitual esquecimento do que sejam horários, fome ou sono.

No meio de toda esta verborreia falámos de tudo o que não vem nos livros de História. Por exemplo, contei-lhe que que eu me lembro do 25 de Abril são murais pintados, são soldados barbudos a gingar por Lisboa em fardas muito amarrotadas, e uma despensa a abarrotar de conservas (pelos vistos muita gente resolveu açambarcar o supermercado). Ela contou-me que o que se lembra dos dias após a queda do muro de Berlim são cascas de banana. Sim, cascas de banana. Pelos vistos havia uma procura enorme por bananas por pessoas que vinham de todos os Ostländer de comboio a Berlim de propósito comprar bananas (E tampões também, pelos vistos). E que os comerciantes obviamente exploraram isso, e que a situação atingiu extremos de haver contentores de lixo a abarrotar só de cascas de banana.

No meio disto pus me a pensar quais é que são as cascas de banana ou os soldados barbudos do poliamor. O poliamor tem sido estudado, documentado, filmado, gozado, assumido, denegrido, mas sempre documentado ou descrito. Há 7 anos, eu ainda tinha que explicar o que era o poliamor na maior parte das vezes. Hoje em dia, não sei se por via do activismo, ou se por via da cidade especial em que vivo e das "cenas" em que me movo, não conheço ninguém que não saiba o que é o poliamor. Tenho nostalgia do tempo em que não havia um hype poly, e em que poly ainda não significava "vou fazer o que me apetece e os outros que se fecundem".

De modo que a minha pergunta, para mim própria e a vocês, é, quais é que são para vocês as cascas de banana do poliamor?

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